CostaPé2019
Grande Caminhada de 1.200 kms pela costa Portuguesa
com cheiro a mar!...
Cronica de Março do Projeto Costapé2019.
26.04.2019 COSTAPE: Etapa 4b
Praia da Tocha - Figueira da Foz.
28 kms
Sexta-feira, 26: Praia da Tocha – Figueira da Foz, 29 kms
Preparadíssimo para mais um dia à beira-mar. Às 6h30 já ando no parque a despejar o lixo e a olhar para o céu azul, o Sol a espreitar. O meu pequeno-almoço, leite com cereais, já está a funcionar. O corpo está ótimo. Deu para descansar e ainda por cima numa cama de casal - foi mesmo dormir de perna aberta.
Dou um toque na porta onde estão o Carvalho e o Gonçalves, ainda em cuecas e sem pressa. Hoje a etapa é mais curta. Vamos tentar aproveitar para chegar cedo e descansar. Mochilas às costas, lá avançamos pela avenida principal à procura de um café. Tudo fechado. Seguimos para mais uma jornada de areia, 14 quilómetros com dunas e paisagens paradisíacas. Flora característica exposta à erosão do mar e ao vento, uma imagem espetacular, um pequeno deserto.
Com mato rasteiro, vamos caminhando ritmados, mas sempre a atalhar para evitar o trilho dos jipes. Ao fundo, bem ao fundo, a Serra da Boa Viagem. Só paramos para as necessidades mais básicas. De resto, solidão, silêncio. Uma compenetração que nos reboca até ao infinito. Estados de espírito que se ganham e fazem-nos perder a noção do tempo. Interrompo para perguntar ao Carvalho se tinha explicação para o facto de muitas pessoas não fazerem estas caminhadas de grandes distâncias. Nem o deixo responder. Respondo eu: “Porque muitas não sabiam estar caladas.” Rimos os três.
O calor vai dando um sinal da sua graça. Serpentemos pelas bermas do caminho sem parar. Reparamos em algumas garrafas de plástico, e estranhamos a sua presença num local tão hostil. Mais tarde, o Rui há de explicar-nos que é o mar a trazer-las e o vento a empurrá-las mais para o interior. Realmente, o plástico é viral e epidémico.
Já ao fim da manhã, chegamos à praia de Quiaios. Esperamos encontrar algo aberto para pedirmos umas bebidas e comermos qualquer coisa de substancial, que levamos connosco. Esta é uma zona sazonal, o que quer dizer que está deserta nesta altura do ano. Enfim, encontramos uma pizaria com pessoal muito simpático, que nos deixam abancar. Hora de descanso e pés no ar.
Sabe bem estar sentado, mesmo que, depois, o levantar demore mais algum tempo. O Rui e a Fernanda juntam-se a nós e falamos com o dono sobre a região ter sido devastada pela tempestade Leslie. Ele conta que foi terrível, com árvores e telhados pelo ar. Felizmente, ninguém se magoou. Estamos tão bem, que ficaria por ali a apanhar sol. Uma das características de um caminheiro de longa distância é a disciplina. É saber ouvir, ser ponderado e despreocupado, porque o resto vem.
Está na hora de iniciarmos a travessia da Serra da Boa Viagem, pelo Cabo Mondego. Subida íngreme, em asfalto que dura pouco. Ao olharmos para trás, observamos as dunas já percorridas, a perder de vista. Brutal. Sem palavras. Por onde nos levam as nossas pernas…
Caminhamos para atravessar a já encerrada (desde 2013) pedreira da fábrica da Cimpor, no Cabo Mondego. Paisagem lunar. Surreais os cortes na Serra da Boa Viagem, a primeira serra do projeto Costa a Pé. Descemos por um trilho antigo, com alguma calçada polida, o local onde é preciso mais cuidado devido ao balanço das mochilas. No portão principal da fábrica, estamos quase ao nível do mar.
As vistas são lindas, ao longo da praia de Buarcos até à Figueira. Um extenso areal de difícil manutenção, onde as pessoas passeiam em família. De salientar a arquitetura de alguns nobres edifícios, outros nem tanto. Vestígios de fainas, de uma época que já lá vai. Com o GPS na mão, sigo na frente, desejoso de dar com o hotel. Não acerto à primeira. Telefono ao Rui, que já lá tinha ido deixar as mochilas. Ele e a Fernanda ficam connosco esta noite.
Chegamos cedo. Dá para fazer uma sesta antes de tomar banho. Quarto para três, boas condições e uma bela cama. Saímos para jantar pelas 19 horas. Conversamos sobre a costa marítima, a poluição que o mar devolve à terra, da falta de uma política ambiental, de recursos naturais. Isto porque o Rui está por dentro desta matéria e somos todos sensíveis à falta de vigilância e de cuidado. Ficamos na dúvida se realmente devemos partilhar locais menos conhecidos ou escondê-los e preservá-los. A noite cai, e dormimos como bébés.
Despesas: Almoço - €6; Jantar - €11,20; Dormida - €45 (3 pessoas)
Video:
Trak:
Participantes:
Pimenta
Carvalho
Gonçalves
Transporte, dormidas e refeições
Almoço: 6€
Jantar: 11.20€
Dormida: 45€ por 3 =15€