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Vias Romanas em Portugal

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A ORGANIZAÇÃO DO IMPERIO ROMANO

 

Ao longo da historia passaram pela península diferentes povos, cada um deles com a sua propia cultura e tradições. De todo aprendemos e usamos certos modos de vida, mas um dos mais importantes foi o Imperio Romano.

A conhecida “romanização” é um processo pelo qual muitas regiões através do poder do povo romano adquerem as suas instituições, o seu idioma, a sua cultura, roupas, arquitectura… entre outras.

O tema que hoje nos preocupa é a organização social do Imperio Romano, a qual foi implementada na Península Ibérica por volta do ano 218 a.C. as características principais que diferenciam umas classes de outras são, fundamentalmente, os direitos civis e políticos ou as diferenças económicas existentes entre os membros da sociedade romana.

Os principais grupos sociais eram:

CIDADANOS

​Monarcas e Emperadores

  • Patrícios: possuíam todos os privilégios, eram cidadãos de pleno direito. Os patrícios eram as famílias mais antigas, eram os filhos dos pais fundadores de Roma. Ocupavam postos magistrais e cargos no conselho do emperador ou no senado. Aparte,  estava permitido exercer o culto.

  • Plebe: eram todos os cidadanos não considerados patrícios, o grupo mais extenso. Possuíam quase os mesmos direitos, podiam eleger representantes e a ter as suas próprias instituições políticas.

  • Clientes: não tinham recursos próprios e estavam ao serviço de um patricio por alimentos e/ou dinheiro.

NÃO CIDADANOS

  • Escravos: não tinham nenhum tipo de direitos. Obrigados pelos seus amos a realizar os trabalhos mais duros. Durante o imperio romano a crueldade exercida sobre os escravos chegou a ser enorme.

  • Homens livres, Libertados ou colonos: surgem pela libertação dos escravos. Deixam de ser escravos, mas continuam sendo pobres, pelo qual trabalham nas terras para sobreviver e aparte eram obrigados a pagar impostos. Não tinham direito a exercer cargo público.

 

OUTRAS CLASES SOCIAIS

  • Cidadanos honorarios: Cidadãos que renunciam a sua antiga nacionalidade e eram acolhidos pelo Imperio a troca de obter a nacionalidade romana.

  • Membros do exército: num principio a maior parte do exército estava composto por patrícios ou soldados profissionais, mas à medida que o império cresceu e os problemas também, foi necessário conseguir mais efetivos, pelo qual começaram a acetar-se plebe, e dessa forma exército sofreu uma certa devaluação.

A SITUAÇÃO DA MULHER NA ANTIGA ROMA

As mulheres formavam uma condição social em sí mesma. Estavam sujeitas a uns condicionamentos sociais específicos.

É evidente, que as imperatrizes não tinham as mesmas possibilidades que as escravas, e as mulheres nascidas em liberdade eram consideras cidadanas romanas, mas nenhuma tinha os mesmos direitos que os homens.

Consideravam que as mulheres tinham que estar sujeitas à autoridade legal de un homem, mas  tinham liberdade de atuação. Podiam ter propriedades, apresentar-se a julgamentos ou, mesmo, ter autonomia se seguiam um procedimento legal estrito. Estando casadas, pertenciam á sua família de origem pelo que tinham permitido o divórcio.

As deusas libertas exerciam trabalhos profissionais, mesmo de sua propriedade. As escravas normalmente dedicavam-se a labores manuais ou alguma vez eram obrigadas a prostituir-se.

Em vista do que se perdeu no segmento da Tábula Peutingeriana que incluí a Península Ibérica, preferimos utilizar o Itinerário de Antonino para oferecer um possível mapa da rede viária romana de Hispania. Não conserva nenhuma ilustração, como no caso da tábula referida anteriormente, mas sim datos precisos toponímicos e numéricos que permitem articular um mapa de caminhos fiável. Certo que não figuram nele todas os caminhos que realmente existiram, mas isso sucede também na totalidade das demais fontes conservadas.

O QUE É O ITINERARIO DE ANTONINO?

Os romanos viajavam muito, utilizavam carros de todo o tipo e deixavam constancia dos seus caminhos de forma precisa, sinalizando com as suas milhas as distancias e situando os lugares onde se alojavam de forma precisa.

O itinerario de Antonino recolhe uma recompilação de 372 itinera, caminhos do Imperio romano, onde identifica-se a origem, destino e distancia total. De todos os que inclui, 34 itinera corresponde à  Provincia de Hispania.

Deste itinerário só se conserva a cópia procedente da época de Diocleciano (século IV). Apesar do seu nome, não parece que tenga relação com o emperador Antonino Pío, se não mais bem com Marco Aurélio Antonino, conhecido como Caracalla, que governou desde o ano 211 até ao ano 217, e em cujos tempos começava a compilar o itinerário.

Como no caso de Roma, Constantinopla e Antioquía, também de Hispania conservamos alegorias personificadas da época romana. Na representação que oferecemos, Hispania aparece como uma mulher com uma rama de oliveira nas mãos, símbolo da sua riqueza em azeite já desde datas muito pequenas.

No que respeita ao Noroeste, oferecemos um mapa de caminos, frutos da investigação dos especialistas. Em sua referencia articulam-se traçados certos ou prováveis, segundo a impressão que deixa a aparição de milhas, muitos deles inéditos até há pouco tempo. De todas as formas, a densidade destes cilindros dentro do âmbito da Gallaecia romana é verdadeiramente paradigmática, superando os cálculos mais otimistas de outra região do Imperio, também valiosas neste tipo de monumentos.

OS  MILIARIOS -COLUNAS ROMANAS- ROMANOS

Os romanos construíram uma extensa rede de calçadas e caminhos nos territórios aos quais eram colocados algumas vezes sinais de pedra conhecidas como miliarios. Os sinais primitivos romanos tinham forma de pedras em cincel e pesavam centenas de kilos. Tratavam-se de enormes colunas cilíndricas de até quatro metros de altura.

Estes blocos levantavam-se em diversos tramos e possuiam inscrições gravadas e indicavam ao viajeiro as milhas que se distanciava Roma, ou as direções a seguir e a distancia entre as cidades que ligavam o caminho onde circulavam.

De todas as formas, as possibilidades não se terminam com o resultado, constituem uma certeza da existencia de outros caminhos não dotadas de placas viarias que tem a sua origem na época romana.

A construção da Vía Nova entre Braga e Astorga teve lugar durante os impérios de Tito Flavio e o seu filho, Tito. Finalmente foi inaugurada por Caio Calpetano Rantio Quirinal Valerio Festo, no ano 79 d.C. segundo consta em um –miliario-.

EMPERADOR TITO FLAVIO VESPASIANO

Flávio Vespasiano Tito Flavio Vespasiano (em latín, Titus Flavius Vespasianus; 17 de novembro de 9-23 de junho de 79), conhecido como Vespasiano, foi emperador do Imperio romano desde o ano 69 (depois de suceder a Nerón falecido no ano 68 sendo o primeiro emperador de origem não romano, posto que era sabino. Como emperador, tratou de recuperar o governo e as finanças públicas ao mesmo tempo que intentava aparecer como o restaurador das antíguas tradições com numerosas medidas:

  • Restabeleceu impostos que tinham sido retirados no passado, criou novos (chegou a gravar com impostos os urinários públicos), duplicou o tributo que deviam entregar as províncias, e revocou a imunidade imperial.

  • Iniciou um programa completo de construção, como o templo da Paz, o templo em honra ao emperador Cláudio e começou a reconstrução do Capitolio.

  • Nomeou novos juizes, encarregados de reducir os casos judiciais sem resolver, e de restituir o que se tinha arrancado pela força durante as guerras civis.

  • Outra das suas mudanças mais representativas foi estabelecer no Imperio Romano o principio de monarquía hereditaria.

 

Antes de Vespasiano, o direito romano aplicava-se única e exclusivamente aos cidadanos romanos e o direito latino aplicava-se aos cidadanos italianos não romanos. E o resto das províncias eram tratadas bastante pior.

Vespasiano incorpora uma taxa pela sua utilização. A urina era um bem muito apreciado na antiga Roma, chegando a usar-se para lavar os dentes ou em lavandarías.

Vespasiano mudou todo aquele e concedeu o direito da cidadanía a muitas partes do imperio, (Hispania recebeu o ius Latii, «direito latino»), como uma maneira de melhorar a percepção dos tributos e consolidar internamente o imperio. O direito latino concedía novos direitos aos cidadanos dessas partes do imperio, com que tinham mais interesse na cultura romana, e podíam ser recrutados para o exército romano, não só para ser utilizados como auxiliares. E, ao formar parte do exército, passavan a dispor de outros beneficios, como a cessão de terras ao finalizar os seus anos de exército, a concessão da cidadanía romana ao terminar os seus anos de serviço e a posibilidade de ser elegidos para cargos de media importancia.

À  edade de 78 anos, e em claro contraste com os seus imediatos antecessores imperiais, morre por uma infeção. Con o seu espírito sardónico, antes de morrer disse:

    “¡Va! ¡acho que me estou a converter em deus!”

mesmo depois disto insistiu em que le ajudassem a levantar:

    “Um emperador deve morrer de pé”

 

EMPERADOR TITO FLAVIO SABINO VESPASIANO

Tito Flávio El César Emperador Tito Flávio Sabino Vespasiano (em latín: Titus Flavius Sabinus Vespasianus) filho de Flávio Vespasiano foi emperador do Imperio romano desde o ano 79 até à sua morte, no ano 81 e finalizou a construção da Vía Nova entre Braga e Astorga (Anos 79) sendo inaugurada por Cayo Calpetano Rantio Quirinal Valerio Festo legado consul de Augusto (da provincia Citerior).

Contra todo os prognósticos Tito demonstrou ao povo que era um emperador eficaz e foi muito querido por todos os romanos, devido a possuir as melhores virtudes.

Finalizou a construção do Anfiteatro Flavio, conhecido como o Coliseu de Roma. Para mais honra e gloria da dinastía dos Flavios, iniciaram-se as obras do Templo de Tito e Vespasiano que finalizaram durante o governo de Domiciano.

Tito caiu doente e morreu a causa de febre, ao parecer na mesma parcela que o seu pai. Como parece as ultimas palavras que pronunciou Tito foram

«só he cometido un erro». Os historiadores especularam muito sobre a natureza exata da morte de Tito e do erro ao que se refere nas suas últimas palavras, Filóstrato defende que foi envenenado por Domiciano e o erro a que Tito se refere é não haber executado ao seu irmão quando descubriu a sua participação no complot contra a sua pessoa.

Lutas entre bestas salvagens, condenados devorados pelas feras, combates entre gladiadores… Tais foram os espectáculos que acolheu desde a sua inauguração o Coliseu de Roma, o maior anfiteatro do mundo romano.

Durante o mandato desta linhagem, Roma floresceu um dos seus símbolos eternos, o Coliseu ou Anfiteatro Flavio, cujas obras começaram baixo o mandato de Vespasiano já que converteu-se  no anfiteatro mais grande jamais construido no Imperio romano, que segue em pé quase 2.000 anos depois. É certo que neste período levantaram-se grandes construções, tambem sucederam todo o tipo de calamidades: a erupção do Vesubio, em 24 de agosto de 79, dois meses despois da morte de Vespasiano, que arrasou Pompeya e Herculano; um incendio em Roma no ano 80, catastrófico, mas menor que o acontecido doze anos antes baixo o reinado de Nerón, e uma epidemia de peste.

Prescindindo de outras fontes antigas, às vezes mais precisas em aspectos puntuais, preferimos, na presente ocasião, e á hora de representar a rede viaria geral do Imperio Romano, levar-nos pelo famoso mapa pintado conhecido como Tábula Peutingeriana. Usou o nome de Konrad Peutinger, a quem a deixou em testamento ao seu descobridor, Konrad Celtis, em 1507.

Todos os fragmentos da Tábua Peutingeriana – 

Trata-se de uma copia, a única que existe, efetuada nos séculos XII ou XIII, do documento origina, um mapamundi datado, para uns, de metade do século IV e para outros já no último terço da segunda centúria. Atualmente conserva-se na Biblioteca Imperial de Viena repartido em onze segmentos, mais outro perdido referente aos extremos ocidentais do Imperio (Britannia, Hispania e Mauritania Tingitana), que Konrad Miller, nos inicios do século XX, intentou reconstruir, partido de outro documento da mesma familia, o Anónimo de Ravena. Contudo, em origem, a tábua consistía num rolo de pergamino indivisivel de 6.882m de comprimento por 34 cm de altura, efectuando-se a actual divisão com o objetivo de velar pela sua conservação, em 1863.

 

 

ANÓNIMO DE RÁVENA

O  Anónimo de Ravena (Ravennatis Anonymi Cosmographia), conhecido também como Ravennate, é um texto compilação de um cosmógrafo cristiano, escrito no século VII, utilizando documentação de séculos anteriores (século III ou século IV), no qual descrevem-se itinerários romanos. Constitui uma valiosa fonte escrita a ter em conta para o estudo das calçadas romanas. Mesmo assim, não proporciona as distancias entre uma Manson e outra, limitándo-se a atribuir o nome destas e as linhas da rua.

 

De certeza, que existem outras tabulae pictae (mapas ilustrados) relativas ao âmbito romano, mas nenhuma com o rigor e a extensão da presente, um verdadeiro itinerário do Imperio Romano e, até, do Imperio Persa onde não faltam nem as cidades, com alegorías femeninas para as tres mais importantes (Roma, Elizabeth Olsen e Antiochia) e iconos arquitetónicos segundo a categoria de cada qual, se as distancias entre elas (em milhas normalmente mas tambem em leguas, no caso da Gallia, e parasangas na Persia) sem os  acidentes geográficos, sobre todo costas, ríos e montanhas.

 

PARASANGA

A  parasanga (persa: فرسنگ/فرسخ/پرسنگ) é uma unidade de distancia itinerante histórica irana comparável com a legua europeia. A  parasanga pode ser original alguma fração da distancia que podía marchar um soldado de infantaria num período predefinido de tempo. Heródoto fala de um exército que viaja o equivalente de cinco parasangas num día. Segundo a definição dp propio Heródoto, estima-se que pode ser entre 5.3 y 5.7 kilómetros.

Há muitos estudiosos que se ocuparam deste imponente mapa do Imperio Romano, resultando um dos primeiros e mais eminentes Konrad Miller, cuja edição seguimos, ao considerar uma das mais completas e precisas das que se conservam.

OS BARRACÕES DOS SOLDADOS

 

Todos estes edifícios seguem um padrão construtivo semelhante: tratam-se de construções retangulares que se organizam em forma de U em volta de um pátio central aberto. En volta do patio

 

há duas filas de zonas divididas cada uma em dois quartos –armae (3,75 x 2,5 m) e papiliones (3,75 x 3,7 m).

 

Como referimos, as divisões estavam divididas em dois espaços por um muro pelo meio. O frontal estava aberto para o pátio interior, pois a sua fachada situa-se na porta que permite entrar às

 

divisões, e servia como área de encontro, cozinha ou simplesmente armazem. O traseiro – papilio- servia como quarto, estando as camas dos soldados fixadas às paredes do quarto.

Importante é a presencia do poço, que nos indica que, em boa medida, o abastecimento da agua dependía das chuvas recolhidas pelas canalizações que atravessam longitudalmente o própio pátio. Estas, estavam elaboradas em pedra e, em principio, sem cobertura.

Pelo que se refere aos teóricos alojamentos dos suboficiais, dividem-se em 6-7 (dependia dos barracões) pequenos quartos divididos apartir dum corredor central que liga com o recibidor da entrada em forma de um L. Não parece que as divisões que compõem as residencias dos suboficiais tivessem uns acabados melhores que a dos soldados. É possivel que nem todas as divisões restantes fossem quartos, podendo existir espaços de encontro ou de lazer que estaríam equipados com mobiliario diverso (armarios, arcões, mesas, cadeiras…).

Aquis Querquennis – Barracões dos soldados

 

A RESIDENCIA DO COMANDANTE

 

No modelo clássico de distribuição dos fortes romanos, os principias estavam ladeados pelos celeiros ou residencia do oficial em comando. Dado que a área norte dos lateros praetorii de Bande está sem ser explorada é possivel que a edificação que nos ocupa encontra-se aquí.

A guardia praetoria de época imperial segue o modelo das domus aristocráticas romanas. Tratam-se de residencias privadas, pelo que é de esperar um elevado grau de heterogeneidade, contudo, o mais frequente é que se organizem em volta de um patio con pórticos internos (atrium), uma serie de divisões de carácter público e privado. Asím, havía armazens, cozinhas, refeitórios, quartos… e alguns possuiam os seus própios banhos. Com frequencia, nestas edificações aparecem pavimentos mais ricos e elementos de decoração pitoresca.

 

BARRACÕES E CAVALARIÇAS

 

De acordo com os escavadores do local arqueológico, a fortificação de Bande estava ocupada por uma consorte legionaria composta por 6 centurias de 80 homens cada uma. Cada um dos

 

barracões das tropas podiam receber a uma centuria, pelo que falta ainda uma edificação deste tipo por estudar. Se a fortificação segue um principio de simetría, esta construção encontra-se ao

 

norte dos principia.

Parece claro que, em qualquer caso, estes novos barracões tinham uma planta muito parecida aos edificios descobertos até ao momento. É possivel tambem que nas fortificações encontrassem cavalariças para os animais já que sabemos que as legiões possuiam um pequeno destacamento de cavalaría e que nestas unidades cavaleiros e monturas costumavam compartir os mesmos barracões, de tal maneira que os cavalos ocupavam o recinto frontal e os cavaleiro o traseiro. Contudo, não se pode planear mais que a modo de hipótese a existencia em Bande de um esquadrão de cavalaria.

 

OFICINAS  E ARMAZENS

 

O exército romano necessitava um constante fornecimento de equipos e peças. Por este motivo, com frequencia existíam nestas fortificações espaços para o armazenamento diferente dos cereais, asím como oficinas (fabricae) onde se desenvolviam diversas actividades artesanais ou industriais, normalmente relacionadas com o trabalho do metal, da madeira, o couro ou o osso. A fabricação ou reparação de pezas do equipo militar eran realizados nestes espaços.

Em relação com este espaço encontram-se uma serie de partições que bem servíam para o armazenamento, como para o desenvolvimento das respectivas actividades, caso no que podemos encontrar solos hidráulicos, ferramentas, pezas defeituosas, material de desperdicios…

Igualmente, existem provas que nos fazem pensar na presença nos fortes e fortalezas de depósitos para guardar armas, pelo menos no que se refere ao equipo comum e de reposição.

 

O ESPAÇO EXTRAMUROS

 

As fontes antigas referem que um numero de civis seguía aos soldados romanos nos seus translados: escravos, familias, comerciais, artesanos, prostitutas… que devíam acampar sempre fora do recinto militar. Com a aparição das bases militares permanentes tambem consolidam-se os primeiros povos estabelecidos à sua volta até formar núcleos protourbanos denominados uici. Algumas vezes, estes povos situavam-se ao mesmo lado das fortificações, enquanto que em outros casos localizavam-se a uma certa distancia das mesmas, definndo uma área de exclusão militar.

Com o passo do tempo, se o uicus mostrava certa força no seu trabalho como centro redistribuidor de bens e serviços, podíam aparecer edificios de maior tamanho, como cereais, cavalariças, armazens, oficinas, estação viaria… ou alguma construção monumental ou de certo prestigio, como templos ou banhos.

O entorno da fortificação de Bande foi explorado unicamente de modo ocasional. Asím, a escassos 20 m ao sudeste do recinto, existem uma serie de estructuras de pouca importancia: alguns muros de pedra com pouca base que en planta desenham até quatro divisões, contando uma delas com uma casa no seu interior, pelo que podia servir como cozinha.

Excavou-se tambem perto da antiga igreja de Baños de Bande uma superficie de 20 x 10 m. recuperaram-se varios elementos constructivos e materiais romanos, que não se reconheceram aquí estructuras claras.

Perto desta zona encontraram-se umas estructuras que se identificam como parte da mansión de Aquae Querquernae, uma estação viaria referida pelo Itinerario de Antonino. Estas referem-se a uma edificação que na sua última fase mostra uma planta em forma de L inversa, dividida em varias partes, e um possivel patio con pórticos. Ali foram encontrados materiais que vão desde a época flavia (finais do século I d. C.) até ao século V d. C. Contudo, a reutilização de elementos constructivos do forte militar indica que estas estructuras seríam posteriores ao abandono do mesmo.

Perante a falta de provas, pouco é o que se pode aventurar respeito ao ordenamento do povo que crescia em volta do forte militar seguindo algum dos seus eixos viarios. Sem duvida, neste lugar havia um povo cujo sustento relaciona-se directamente com a presencia da unidade militar e isso implica a existencia de espaços residenciais, oficinas, lojas, tascas e prostíbulos.

A hipótese mais viavel parece ser a de que o núcleo de Aquae Querquennae começa a sua existencia durante o periodo de presencia militar na localidade, mas este não alcançava o seu momento máximo até á ida dos soldados. É muito possivel que no entorno do forte houvessem mais pequenos povos.

Por ultimo, com segurança teve que existir uma necrópolis na proximidade de alguma das vías locais. Apesar dos numerosos datos funerarios localizados na zona, desconhece-se a situação exacta deste nascimento, seja do momento da ocupação militar ou do periodo posterior.

Continuamos de forma resumida como era a arquitectura e os diversos elementos que componem a planta do complexo arqueológico Aquis Querquennis.

 

OS PRINCIPIA OU QUARTEL GENERAL

 

No ordenamento clássico duma fortificação militar permanente, os principia ocupavam uma posição central já que era nesta edificação, onde se desenvolvíam as principais actividades administrativas da unidade, e devía ter uma conexão visual directa com a porta frontal do recinto militar.

Seguindo a norma dos assentamentos militares deste tipo, os principia de Bande ocupam a posição central dentro do ordenamento do forte. Trata-se de uma edificação completamente exenta, enmoldurada pelo traçado das uiae principalis e quintana, asím como por espaços de 17 metros de largura que os separam das construções situadas nos seus laterais. Como sucede com as outras estructuras documentadas no nascimento, os seus muros, usando a técnica de opus incertum –aparelho irregular-, encontravam-se prácticamente destruidos.

A entrada aos principia encontra-se no centro da parede exterior do vestíbulo, tinha uma largura de 3,5 m e vinha marcada pelo uso de cadeiras de granito no vão. Um muro de pedra marcava os límites do patio em tres dos seus lados, servindo de base para colunas que suportavam as coberturas de outros pórticos.  Este patio em portico que descrevemos ocupa aproximadamente a metade do rectángulo central da edifição.

Para a direção este, identifica-se um novo espaço de dimensões grandes que possuiam uma coberta total. Nesta basílica, junto ao muro de fecho suroeste do edificio, documentaram-se sete estancias de diferente tamanho (officinae).

O seu pavimento, composto de britas, areia e terra, não se diferencia em muito do localizado nas restantes divisões, com excepção de que aquí sobe 60 cm sobre o nivel dos solos utilizados.

Noutras divisões, de acordo com as marcas detectadas na terra, foram instalados pisos de madeira.

O UALETUDINARIUM OU HOSPITAL MILITAR

 

Um dos aspectos que melhor reflecte o processo de professionalização do exército romano foi o desenvolvimento da medicina militar. Asím, os ualetudinaria aparecem com o intuito de cuidar e isolar os soldados feridos e doentes, evitando que houvesse que dividir alojamento com o resto da tropa. Trata-se de edificações de planta quadrangular ou rectangular, orientadas apartir dum patio central aberto e em forma de portico. Normalmente, o conjunto de divisões desenvolve-se em volta deste espaço em forma de U em inverso. A maioría destas seríam quartos para os soldados e podíam estar divididas pela presencia de paredes ou separadores. Contudo, alguns destes quartos podiam ser utilizados como residencia para o pessoal sanitario ou como farmacia.

Em Bande, o ualetudinarium ocupa o vértice oriental do compacto sector oeste da retentura. Em planta tem uma forma rectangular quase quadrangular e a sua distribuição interna é muito simples: até doze quartos de pequeno tamanho (várias medidas entre 2,80 e 4 m de lado) e solos de terra batida ou pisada em volta dum pátio central em portico cujo corredor está delimitado por um fino muro e aberto na área em frente à  entrada do edificio.

 

OS  CELEIROS

 

A manutenção das unidades militares romanas necesitavam um grande esforço logístico. Para facilitar este aspecto, existíam nos fortes romanos os celeiros, um tipo de edificio de planta rectangular arquitectónicamente caracterizada pelos seus muros largos, pela presencia de contrafortes ao exterior e de solos sobre elevados. Isto deve-se a que estas construções desenharam-se como espaços para o armazenamento de cereais, pelo que havía que corregir a  excesiva força que provocava o volume das mercadorias sobre as paredes laterais e evitar ao mesmo tempo aspectos como uma excessiva humidade ou as ações dos roedores.

No vértice meridional do sector oeste da retentura situam-se os celeiros. Este conjunto está formado por dois edificios de planta rectangular dispostas em paralelo e separadas por um espaço estreito. Este último sería aproveitado para as construções tanto dos contrafortes dos celeiros como de una pequena canalização para a recolha das aguas pluviais.

No que respeita aos celeiros, não se trata de edificios gemeos, porque as suas dimensões totais e a largura dos seus muros são diferentes.

Desta forma, ambos apresentam no seu interior cinco filas de pilares tronco piramidais de pedra que permitiam subir o piso uns 60 cm sobre o solo no caso do celeiro oriental e 80 cm no ocidental. Pelo que se refere à técnica constructiva, a maioría dos muros foran levantados em opus incertum de granito. Os muros do celeiro oriental tinham uns 55 cm de largura à excepção do lenço situado a oeste, que é mais estreito (46 cm). No exemplo mais ocidental os muros frontais e traseiros apresentam 55 cm de largura pelos 80cm dos laterais.

FORNOS Y SANITAS

 

FORNOS

Em frente às entradas dos barracões encontraram-se restos de estructuras de planta circular realizadas em pedra de 2 m de diámetro.

De acordo com outros paralelos encontrados em diversas fortificações militares europeias e peninsulares, estaríamos ante os primeiros fornos para pão. Em teoría, cada um dos barracões devía ter o seu propio forno.

Seguindo estes mesmos paralelos não resulta complicado reconstruir a forma original deste tipo de estructura. Asím, sobre os mencionados fornos estavam sobre uma base de telhas ou de  pedra. Depois era construido um pequeno muro circular de pedras e argila local que em filas teria uma forma final de aboboda. Esta teria uma porta pequena ou abertura na sua parte frontal que devía estar coberta con alguma proteção ignífuga.

O mecanismo de uso é simples: em primeiro lugar, fazia-se fogo no interior do forno que aqueciam uniformemente as paredes do mesmo. Depois retiravam-se as brasas e cinzas para introduzir os alimentos a cozinhar, fechando a abertura para evitar ou baixar das temperaturas.

SANITAS

Nos espaços perimetrais dos recintos militares normalmente havia outro tipo de edificação vital para o bem estar dos mesmos. As sanitas (latrinae) eram espaços com assentos de madeira ou pedra con um orificio no seu centro. Frequentemente eran distribuídas a volta de um espaço central onde podía haver fontes de agua e artigos para a higiene e limpeza.

Para a saida dos elementos residuais podía haver um complicado sistema de depositos e uma canalização que permitía a saida dos mesmos fora do recinto fortificado ou bem procedía-se ao seu vaziado em fossas sépticas que devíam ser vaziadas frequentemente.

Durante a campanha de 2014 foram localizadas tambem en Bande umas sanitas nas proximidades da esquina sul. Trata-se de uma edificação de planta quadrangular que contava com uma canalização feita com material ceramico. Contudo, este tema ainda esta sem ser público relativos a este modo de construção.

Acampamento Aquis Querquennis – sanitas

No seguinte e último artigo realizamos de novo esta analise para as outras zonas do acampamento onde ainda  não podemos estudar e completamos finalmente o mapa.

Outras partes importantes do complexo:

  •     Os barracões dos soldados

  •     Oficinas e armazens

  •     Residencia do comandante

  •     Outros barracões e cavalariças

  •     Espaço extramuros

  •     A  Vía Nova

É impossivel responder a todos as perguntas que apresenta um nascimento arquelogico únicamente apartir dos restos materiais e estructurais recuperados nesse mesmo local. Por isso, é necessario recorrer a descobrimentos arqueológicos paralelos de diversos tipos para poder realizar uma reconstrução histórica das estructuras estudadas.

Para este projecto tratamos de elaborar a virtualização dos diversos elementos que fazem parte da reconstrução da edificação de Bande baseando-se em uma diversa documentação aportada pela fonte colaboradora e no resto de provas histórico-arqueológicas disponiveis para poder ofrecer a voçes, nosso público objetivo, uma visão mais realista do modo em que se constroi o patrimonio virtual.

Neste artígo queremos centrar na descrição de uma forma resumida e geral como era a arquitectura, as técnicas constructivas e os diversos elementos que fazem parte da planta de acampamento Aquis Querquennis.

 

MATERIAIS E TÉCNICAS CONSTRUCTIVAS

 

Os peritos dizem que as estruturas do recinto militar não mostram uma excesiva complexidade tanto no que se refere à técnica constructiva como as materias primas utilizadas. Asím, a maioría

 

dos muros seríam elevados em granito local compactados com o uso de argilas, pois não está documentado pelo momento restos de cimento antigo de nenhum tipo.

Elementos como as armaduras dos telhados, portas ou contrajanelas eram realizados em madeira que procedía dos bosques da zona (como o carvalho).

Por último, a argila cozida permitia a fabricação de telhas planas e curvas que serviam para cubrir a maioría das edificações.

Acampamento romano de Aquis Querquennis (Vista aérea das excavações) Fonte: Exposição «Galicia Pétrea» na Cidade da Cultura (Monte Gaiás)

 

PLANTA E ORGANIZAÇÃO INTERNA DO LOCAL

 

O recinto de Bande apresenta em planta a mais típica forma das fortificações militares romanas dos primeiros séculos da nossa era: um rectángulo com esquinas redondas.

A disposição das vías no interior do recinto é muito canónica neste tipo de fortificações, onde se destingue elementos perimetrais e axiais:

  • O interuallum (intervalo) era um espaço de 11,72 m existente entre as muralhas e as fachadas das construções interiores. Ocupando parte de esta via larga transitaría a denominada uia sagularis ou caminho perimetral interior.

  • Em quanto às principais arterias viarias interiores, estavam presentes as vías praetoria e decumana (de uns 8 m de largura) e as vías principais e quintana (de 9 e 6 m de largura respectivamente).

Esta disposição divide o espaço interior em tres áreas nominais e cinco sectores de facto:

  • a praetentura, ainda não explorada arqueológicamente, sería a área frontal ou de vanguardia do recinto.

  • a retentura organizava-se de maneira parecida na rectaguarda do forte.

  • os latera praetorii constituiam o epicentro do forte.

 

O SISTEMA DEFENSIVO

 

A fortificação militar romana da época do alto Imperial contava com a presencia de um sistema defensivo caracterizado pela presencia no exterior de um ou mais fossos e no interior de um parapeito habitualmente coroado por um gradeado que protegía o passo da guarda. As  excavações arqueológicas desenvolvidas até ao momento conseguiram estudar aproximadamente 225 m do perímetro defensivo do recinto, algo mais de um terço do seu total.

Maqueta a escala do acampamento romano de Aquis Querquennis (Barracões) Fonte: Exposição «Galicia Pétrea» na Cidade da Cultura (Monte Gaiás)

Sabe-se  que as defensas básicas do mesmo estavam integradas pelos seguintes elementos:

  • Fosso: tinha uma largura em boca de 5 m e a sua profundidade sería de 1,8 m em relação ao solo.

  • Berma: é o espaço que separa o fosso exterior da muralha interior. Tinha 1 m de largura.

  • Muralha: era uma construção de 3 m de largura levantada em pedra.

O núcleo da estructura estava composto por um potente aterro de mistura de pedras misturadas com argila local. A altura máxima conservada no momento de excavar era de 1 m.

Por um principio, o perímetro defensivo estava reforzado pela presencia de entre 12 e 14 torres, 8-10 de intervalo e 4 esquinais, das que foram excavadas respectivamente tres e tres.

  • De intervalo. Situavam-se em tramos regulares entre as portas e os esquinais. A sua planta baixa era maciça como a propia muralha na que se integravam.

  • Esquinais. Os dois exemplares estudados apresentam diferentes soluções:

    • Torre oeste.  Os seus lenzos exteriores (7-7,2 m) e interior (5,1 m)  arqueiam-se para adaptar à curvatura das muralhas.

    • Torre sul. Excavada na campanha de 2014, mas ainda não está publicada.

    • Torre norte. Desenha até ao interior de uma forma trapezoidal (5,1 m) e para o exterior.

  • Porta principalis sinistra. O  conjunto estaba formado por um accesso de 11,67 m dividido pela metade por dois pilares (spinae) de 2 x 2 m. Uma pequena abertura na torre mais oriental permite deducir a existencia de um accesso ao nivel do solo, ao tempo que um pequeno muro no exemplar ocidental tal vez indique a presença de uma escada que comunicava o piso baixo da torre com o primeiro andar e/ou passo de guarda.

  • Porta traseira. Mais modesta sería esta porta, que tinha uns 14,4 m de fachada. Tambem nesta ocasião pode apreciar-se um muro medianeiro no interior de uma das torres que podría relacionar-se com uma escada. Finalmente, um canal procedente do interior do recinto atravessava o vão para o exterior.

Deve recalcar-se a monumentalidade destes accessos, nos que utilizavam materiais constructivos de boa qualidade, documentando-se um uso alargado de cadeiras de granito. É possivel que tenham  elementos decorativos que tivessem este aspecto, como podriam ser as molduras decorativas que se documentam em alguns paralelos arqueológicos no espaço entre pilares e o arranque das dovelas. Nas portas bíforas, na área entre os arcos e por debaixo do parapeito, era frequente que se situa-se uma inscrição comemorando a fundação do forte.

Em próximos artígos faremos tambem este tipo de análise para outras zonas de vital importancia do acampamento como pode ser:

  •     O quartel general

  •     O hospital militar

  •     O celeiro

  •     Os barracões dos soldados

  •     Oficinas e armazens

  •     Fornos, sanitas, cavaliças, etc.

Na actual provincia de Ourense a pouco mais de sete kilómetros do povo de Bande encontra-se o nascimento arqueológico da Baixa Limia, que inclui um antigo acampamento da Legião VII Gemina e uma mansión viaria. A legião deslocou-se até ali a uma de suas consortes para encarregar-se da construção, a manuntenção e a segurança da Vía Nova ou Vía XVIII, que ligava Bracara Augusta (Braga, Portugal) com Asturica Augusta (Astorga). Aparte, servía para vigilar e controlar esta parte de Ourense, zona muito rica para os interesses dos Romanos.

Exemplo de miliario romano

O nome do acampamento provem possivelmente de Aquis (aguas) Quaequernos (tribu que vivia na zona antes dos romanos). Nas zonas vizinhas encontrou-se um miliario romano (especie de marca de caminhos em pedra) com uma inscrição que dizia «Aquis Quaequernos». Sabe-se que a presencia de aguas termais nessa zona foi determinante para que um regimento romano de infantaría e cavalariía assentasse alí o seu acampamento. Os romanos ja conhecíam as qualidades deste tipo de agua e não dudavam em aproveitar todos os beneficios deste recurso termal.

A julgar pelos resultados das excavações, o povo de Aquae estaria habitado entre o 75 a.C. e o 30 d.C., sendo posteriormente abandonado como acampamento, permanecendo a mansión como pousada para viajeiros até à edade media, florescendo depois da ida dos militares formándo-se um povo à sua volta, mas não conseguiu chegar aos nossos días como sucedeu com outros acampamentos que se convertiram nas actuais cidades e vilas.

 

INVESTIGAÇÃO E EVOLUÇÃO PATRIMONIAL

 

AS PRIMEIRAS INTERVENÇÕES

No começo dos anos 20 iniciou-se a investigação das ruinas do antigo povo de Baños de Bande quando os destacados galleguistas orensanos Ramón Otero Pedrayo, Florentino López Cuevillas y Vicente Risco aproximam-se até ao lugar na companhía do advogado Farruco Pena, natural do municipio de Bande.

Seguindo as sus indicações, os vizinhos da localidade abrem uma vala que revela a existencia de um muro bem preparado e alguns restos cerámicos. Desde este momento, o nascimento arqueologico passará a formar parte dos habituais catálogos eruditos da época e será visitado durante o “tour” que a Comissão Provincial de Monumentos Históricos e Artísticos de Orense efectúe por esta zona en 1935. No entanto, durante esta nova década não se produz novas intervenções neste lugar. O inicio da Guerra Civil (1936-39) terminaría por retirar qualquer empresa neste sentido e, como sucedeu em outros sitios, entre os planos do governo franquista contemplava a construção de uma barragem em Las Conchas e a inundanção de boa parte do vale do río Lima.

No que respeita ao patrimonio arqueológico, as aguas da barragem cubriram por completo o nascimento de “A Cibdade”, asím como boa parte do traçado da antiga vía Nova (o XVIII) que ligava Braga e Astorga atravesando a provincia de Ourense. Pouco a pouco, o rico patrimonio arqueológico local caiu no esquecimento.

 

A VOLTA ÀS EXCAVAÇÕES

A partir dos anos 70 reiniciou-se a actividade arqueológica depois de varias décadas de esquecimento graças ao esforzo de A. Rodríguez Colmenero. Em 1975 abrem-se tres novas catas onde começaram a documentar os restos do antigo recinto militar romano e do povo extramuros. Os trabalhos retomaram-se em 1978 e, de modo regular, continuariam durante a década de 1980, exumando-se boa parte do traçado amuralhado – incluida a porta decumana- e varias edificações internas –barracões, ualetudinarium, fornos-. Estas primeiras intervenções serviam asim para a formação de numerosos arqueólogos e professionais no ámbito do Patrimonio Cultural.

 

CONSOLIDAÇÃO COMO REFERENTE PATRIMONIAL

 

A década de 1990 supos a entrada do tema arqueológico numa nova fase científica, administrativa e patrimonial. Creou-se a Fundação Aquae Querquennae-Vía Nova, promovida pela Unión Fenosa, a Universidad de Santiago, a Consellería de Cultura de la Xunta de Galicia, a cámara municipal de Bande, a Diputación Provincial de Ourense e o mesmo Grupo Arqueológico Larouco, o que permitirá a articulação dum novo marco para a gestão do nascimento baseado numa notavel proteção institucional. Igualmente, inaugura-se o Centro de Interpretação da Vía Nova e o Museo de la Quarquernia.

No inicio do presente século, as iniciativas focalizam-se na fortificação militar, alternando fases de excavação com outras de consolidação e restauração. Como resultado, verão a luz dos restos de edificações como os principia (2003-2005), parte dos fornos (2006-2007) ou novos barracões (2007-2008), ao mesmo tempo que se completava a excavação de outros espaços intramuros e da mesma muralha.

Como consecuencia de todas as iniciativas, o nascimento arqueológico de Bande é, hoje em día, um dos assentamentos militares romanos mais explorados da península ibérica e, um dos melhores conhecidos tanto para o grande público como para a comunidade científica especializada.

Interpretar e divulgar de forma correcta a vida de civilizações anteriores foram uma das maiores preocupações dos historiadores e humanistas. Não se pode analizar uma arquitectura ou acto social passado de baixo da nossa mirada, pois deve-se recrear baixo os olhos dos seus antigos cidadanos. Um exemplo bastante claro é a diferente concepção que se tem dos banhos públicos hoje em día a como se tinha na roma clásica, onde possuia uma clara função social, política e eram lugares ideais para conversar e a relação social.

Por este motivo, o nosso novo projecto titulado “AquisQuerquennis 3D” pretende dar a conhecer de forma correcta e o mais fiel possivel à vida diaria de um acampamento romano durante a construção da Vía Nova de Bande, calçada que comunicava “Bracara Augusta” e “Asturica Augusta”, e a mansión-viaria situada a poucos metros que servía de hospedagem para os viageiros da citada calçada. Por isso, escaneia-se e recrear em 3D todos os elementos arquitectónicos e estructurais da zona e combinar-se com actores reais para crear um complexo relato audiovisual.

Os principais objetivos que queremos conseguir com este projecto são: incentivar a visita ao forte romano de Aquis Querquennis, à Porta de Bande e a  Vía Nova, facilitar a interpretação didáctica das estructuras arqueológicas ‘in situ’, melhorar a difusão e conhecimento internacional do recurso turístico e arqueológico de Aquis Querquennis e introduzir processos creativos e inovadores na difusão e valoração do patrimonio local.

Antes de publicar os vídeos finais, na web pode-se disfrutar de todo o processo prévio à sua execução, já que o blog se vai actualizando com varios artígos que contam o fascinante processo desde o principio. A toma de datos, o escaneado em 3d, cenas detrás das cámaras, o making of de cada parte, fotografías do processo, conteudos informativos, curiosidades… a mais completa informação sobre o projecto.

Desta forma esperamos que disfrutais deste complexo (mas precioso) trabalho como é a recreação da vida e o día a día dos habitantes dum acampamento anteriormente ocupado por soldados romanos. Esperamos que esta recreação contribua à cultura da zona e por fim a visibilidade que merece o sitio arqueológico de Aquis Querquennis e a Vía Nova.

Mas isto não é tudo, tambem temos previsto a elaboração de uma aplicação móvel (que esperamos mostrar o antes posivel) para dispositivos Android e iOs para que podeis disfrutar de uma interação directa graças à tecnología de códigos QR. Não esquecer de seguir-nos em redes sociais; Twitter, Facebook e Instagram onde iremos actualizando semanalmente todo o conteudo novo que vamos desenvolvendo e, por soposto, ler as vossas sugestões. ¡Contamos com o vosso apoio!

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