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VILAR FORMOSO - Caminhada turistica

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PASSEIOS DE COMBOIO com caminhada turística.

 

O desafio era descobrir a espetacularidade das paisagens do troço ferroviário, de Guarda a Vilar Formoso.

Depois da necessária reserva no comboio intercidades, foi iniciar a viagem no dia seguinte. Saída do Entroncamento às 08.33h e chegada a Guarda perto do das 12 horas, obrigando a uns minutos de espera do comboio que me levava até á fronteira. Engraçado foi encontrar um conhecido na estação da Guarda. Nota -se a desertificação. O Intercidades com pouca gente e o troço da linha da Beira Alta!... não vou comentar aqui.

 

Comecei então a viagem tão desejada. As estações e apeadeiros vão passando as paisagens são áridas, mas paradisíacas aqui e ali algum gado. Um rio Neomi afluente do Côa, vital para evitar a total desertificação. Tudo muito bonito as linhas de água acompanham a linha do comboio. Há vestígios de obras para melhoramento da via. Cada estação tem a sua beleza e algumas junto ao rio, que dava para passar um excelente dia de pique nique. Mas não há bela sem senão, por ser só de uma via, o número de comboios é extremamente reduzido. Sentido Vilar Formoso há um á hora de almoço e outro de regresso a meio da tarde. Tinha delineado um percurso em Vilar Formoso para o fazer em navegação assim aproveitar ver o mais possível, tipo Caminhada Turística. Como uma criança pequena quando recebe um brinquedo novo em euforia, assim estava eu sem conhecer, iria tirar o melhor proveito das vistas e da historia desta vila. A Estação é magnifica com decoração em azulejos nacionais ”Os azulejos da estação de Vilar Formoso, criados nos finais dos anos 30 pela Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, são 50 painéis de azulejos pintados por João Alves de Sá que retratam castelos, fortalezas, património histórico e paisagístico, costumes e trajes portugueses, servindo como um "cartão de visita" ilustrado do país. Este edifício histórico, construído como uma estação de fronteira, tem um mobiliário antigo e relógios, com o interior do edifício também marcado por azulejos.”  seguidamente fui para norte, conhecer a zona mais antiga da Vila. Igrejas cheias de história e casas senhoriais que escondem acontecimentos relevantes da nossa história do nosso povo. Vejo a sinalização da GR80 Percurso de aldeias muralhadas, um pequeno parque ribeirinho junto ao Rio Tourões com equipamento elíptico para o exercício físico.

 

Uma repentina dor de barriga faz me descobrir uma casa de banho publica num local improvável, por detrás da casa do posto de combustível…finalmente. Muitas lojas fechadas e muito abandono, para muitos que são poucos uma vida minimalista. Para finalizar faltava colocar os pés em Espanha. Ao Entrar na Avenida da Europa as coisas parecem 5 vezes maiores que as portuguesas, até a torre da Igreja, as rotundas, os edifícios as avenidas tudo muito espaçoso. Já a passo largo fui até a estação de Fontes de Onor …… e regressei mesmo a tempo de apanhar o comboio de regresso marcado para as 15.55h. Foram 8 km a tirar fotografias com olhar curioso e um lanche numa pastelaria com “as miúdas mais giras da terra.

 ”Antes de iniciar esta viagem tinha lido alguma história desta vila para melhor compreender in loco. Realmente uma grande terra bem cravada na história da humanidade. “Em 1758, dizia o pároco de então que Vilar Formoso já fora “terra grande” a avaliar por algumas ruínas. Hoje, por tudo o que se vê de pé, nota-se que Vilar Formoso é “terra grande”, sendo a maior vila do concelho com uma população quase duplicando a da própria sede.

Vilar Formoso é um aglomerado populacional constituído por dois núcleos separados pela ribeira de Tourões. O núcleo situado mais a sul é o mais recente e desenvolveu-se a partir do século XIX com a construção em 1892 do caminho de ferro que vai da Figueira da Foz até à fronteira Portugal-Espanha.”” Batalhas por aqui passadas

 

Disposição dos exércitos anglo-lusos, espanhol e francês na Batalha de Fontes de Onor.

Pela sua situação em plena raia, sofreu esta freguesia, desde a Nacionalidade, e por várias vezes, toda a sorte de assaltos, cercos e devastações. E tornou a sofrer muito por ocasião da Guerra Peninsular. No termo da povoação, no sítio do Chão dos Mortos, desenrolou-se em 1811 a famosa batalha conhecida por Fontes de Onor entre Massena e o exército anglo-luso, “cobrindo as tropas literalmente esta freguesia e todas as circunvizinhas, tanto portuguesas como espanholas, na distância de léguas”, como disse o abade de Miragaia.

Esta batalha, que devia antes chamar-se de Vilar Formoso e não de Fontes de Onor, apesar de ganha pelos defensores da independência nacional, valeu muitos prejuízos à freguesia, como já tinha acontecido com a devastação provocada em 1808 por Loison e por Massena que, para se vingar dos desastres de Junot e Soult, invadiu Portugal pelo Cimo Côa, e mais tarde, quando da retirada das linhas de Torres Vedras, saqueando, devastando e incendiando. Foi perto de Vilar Formoso, na localidade de Freineda, que Lorde Wellington estabeleceu o seu quartel general, centro das evoluções estratégicas de Riba-Côa.

 

A expansão da povoação:

A zona é hoje conhecida pelo nome de “Estação” quase que ainda não existia quando em 1886 o abade de Miragaia fez a premonição do seu breve aparecimento: “Esta freguesia compreende apenas a aldeia de Vilar Formoso e agora tende a desenvolver-se em volta da sua estação, que é elegante e espaçosa, com todas as dependências próprias dela e da delegação da alfândega, um bom restaurante (...) e junto da estação também uma hospedaria, o que representa uma população importante, pulando de um momento para o outro”.

Propriamente de Vilar Formoso diz aquele autor: “Prospera a olhos vistos desde que principiou a construção da linha férrea da Beira Alta (...) e mais deve prosperar agora, depois que se abriu à circulação em 23 de Maio último (1886) a continuação da mencionada linha até Salamanca, entroncando nas linhas férreas de Salamanca a Madrid e Paris (...). Está pois Vilar Formoso em ótimas condições de prosperidade”. Em 1896 a Rainha D. Amélia acompanhada de todo o seu séquito visita Vilar Formoso durante a viagem pela Linha da Beira Alta. Contudo, A nossa estação terá recebido em 3 de Agosto de 1882 a visita do rei D. Luís, da rainha D. Maria Pia e do príncipe D. Carlos.

 

Na rota de fuga dos judeus ao holocausto:

Dada a sua neutralidade, Portugal teve, durante o conflito mundial um papel crucial, tendo-se tornado Lisboa, entre a queda de Paris e o fim da Guerra, o centro da Europa. Por aqui passaram milhares de pessoas na sua rota de fuga. Se Vilar Formoso foi a principal porta de entrada para quem, vindo da Europa, queria entrar em Portugal, Lisboa era o grande objetivo a alcançar. Com o visto na mão, os refugiados em fuga tinham 48 horas para atravessar a Espanha de Franco. Chegados a Vilar Formoso, na fronteira portuguesa, os refugiados eram questionados pela PVDE e recebiam instruções relativamente ao seu destino final. A maioria das pessoas eram encaminhadas para Residências Fixas em zonas balneares, estando no entanto impedidos de trabalhar e sem permissão para sair do perímetro da vila. E assim se passavam os dias num país neutro em tempo de Guerra, um país de brandos costumes pouco habituado a receber estrangeiros. Um período único na história recente de Portugal que contactou nesses meses de 1940 com o cosmopolitismo europeu de então. Hoje, passadas décadas do gesto de Sousa Mendes, os ecos da sua ação continuam a fazer-se ouvir. E é aqui mesmo em Montreal, Quebeque, onde se encontra a terceira comunidade mais importante de sobreviventes do Holocausto (30.000) que damos a conhecer através deste documentário a história fascinante da filha de um refugiado judeu salvo graças a um visto do Cônsul de Portugal em Bordéus.” 

 

(Consulta in Wikipédia, IA)

 

A viagem de regresso foi engraçada e com aquelas histórias que gosto, que dão cor à monotonia. A primeira coisa foi a previsão de apanhar 3 comboios e aos poucos o meu substituía os outros, uma UTE que levou de viagem 5 horas até ao Entroncamento. A sorte é que o corpo está habituado aos bancos diáriamente. Calhou bem pois estava um frio de rachar e escusava de estar na rua a espera que chegasse outro. Depois apanhei uma revisora muito engraçada até Coimbra B que era o primeiro dia de trabalho… desejei-lhe sorte. Ela com alegria e a frescura da ocasião deu.me a notícia de não ter necessidade de sair do comboio em Coimbra B pois este ia até ao Entroncamento. Por fim, na linha da Beira Alta fui eu e os restantes passageiros surpreendidos por uma patrulha da GNR pelo interior do comboio a pedir a todos o CC Cartão de cidadão, traziam um cão que tudo farejava. Fica o sentimento de segurança. Em relação as terras que visitei vou volta em breve, e sair na Aldeia se São Sebastião. Adorei apesar de alguma tristeza e nostalgia das coisas que vi, mas compreensível, é o interior e tem o peso que tudo isso implica. Mas vou voltar porque a beleza é maior e enche o espírito e o sentimento.

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